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terça-feira, 25 de agosto de 2015

Abandono de animais: conscientização!

Já tratamos aqui por algumas vezes sobre este problema crônico. Leis foram criadas para ¨ combater ¨ o abandono de animais, que também é uma forma de mau-trato contra animais. Mas como aqui no Brasil, leis são criadas somente para ficarem no papel, nada acontece contra os infratores. Quem vai cobrar seu cumprimento? A PM ? Fiscais ? Ibama ? Eu ? Você ?
A cada dia que se passa observo mais e mais bichos soltos nas ruas, sejam adultos ou filhotes. Aqui onde eu moro no Rio de Janeiro, faço caminhada pela manhã e sempre observo ao passar dentro de um condomínio de padrão alto, pessoas colocando água e comida em terrenos baldios. Alimentam filhotes de gatos e até gatos já adultos. Nobre gesto seria se esses ¨ abandonados ¨ não fossem oriundos de animais que essas mesmas pessoas possuem no sossego do seu lar. Se esses donos apenas castrassem seus gatos de casa não estariam agora alimentado crias. E a bola de neve dessas crias? E são pessoas de um bom e merecido (?) padrão social!
Sei que muita gente não gosta de gatos ou até mesmo cães. Diversos motivos são apresentados. Uns gostam de cobras, papagaios, calopsitas, peixes, porquinhos-da-índia etc e tal. Como diz minha amiga do Face, Lucia de Fátima, todos têm seu livre arbítrio. Seria querer demais de seres que abandonam os próprios filhos, que se conscientizem da grave situação de bichos, afinal são só bichos.
Separo um excelente texto do site http://www.portalnossomundo.com/site/mais/artigos/abandono.html  escrito por uma profissional,  Silvia Schultz - Médica Veterinária - CRMV - RS 12750 , não por um amador como eu.


Diz o texto na íntegra:

A relação do homem com animais de estimação remonta de cerca de 10 mil anos atrás. Cães e gatos são os animais que mais preenchem as necessidades físicas e emocionais dos seres humanos, e vêm gradativamente encontrando seu lugar dentro dos núcleos familiares. Os pets costumam encher a casa de alegrias, encantam-nos com suas travessuras, são fofos, lindos, pequeninos e gostosos de apertar. Porém, também dão trabalho, gastos e alguns incômodos às vezes. Exigem tempo disponível, rações de boa qualidade, fazem xixi pela casa toda, precisam ser educados, adestrados, levados para passear e necessitam acompanhamento veterinário periódico. Muitas vezes crescem mais do que o previsto ou seu temperamento não é exatamente o esperado. Por estes motivos, muitos cães e gatos, mesmos fofinhos e travessos, acabam abandonados por seus guardiões, que não têm a mínima estrutura física ou psicológica para mantê-los. Isto acaba trazendo (e agravando) um dos maiores problemas que vivenciamos em relação a animais de estimação atualmente: o abandono e os maus tratos.
A situação dos animais de rua no Brasil está cada vez mais delicada, e representa hoje um problema de saúde pública. Cães e gatos sujos, magros, famintos e doentes, muitas vezes invisíveis aos olhos da sociedade, reviram o lixo atrás de comida, transmitem doenças, vivem no relento sob o sol forte ou o frio intenso. São maltratados e rejeitados até que finalmente são recolhidos e encaminhados aos Centros de Controle de Zoonoses (CCZs), onde são, na maioria das vezes, sacrificados. Os CCZs representam então, outra cena triste desta história. Funcionando como depósitos superlotados, recebem animais de todos os tamanhos e raças, muitos deles cães e gatos que foram abandonados por quem um dia já lhes prometeu amor e proteção. Estima-se que, de 10 animais abandonados, 8 já tiveram um lar. São animais que, por um motivo ou outro, foram rejeitados, não superaram as expectativas de seus “donos” e por isso, foram descartados. Cresceram demais, adoeceram, não foram educados o suficiente, geraram gastos e aborrecimentos.
Mas a questão é: porque os animais acabam abandonados nas ruas e nos centros de controles de zoonoses? O que leva as pessoas a se desfazerem de seus pets, sobre os quais depositaram tantas expectativas e juraram amar para sempre? Creio que os motivos sejam muitos, mas o principal deles: a grande falta de conhecimento das pessoas acerca do que representa de fato ter um animal em casa. Quando adquirimos um animal de estimação, seja ele da espécie que for, estabelecemos com ele um vínculo poderoso, e devemos estar preparados para uma relação duradoura de talvez, 15 a 20 anos. Durante este tempo, devemos arcar com uma série de responsabilidades para com o nosso animal que inclui, por exemplo, educá-lo e protegê-lo apesar de tudo. Devemos ter em mente que cães crescem, e podem se transformar de filhotinhos fofos e inofensivos à enormes, enlouquecidos e potenciais destruidores de plantas, casas e jardins. Devemos pensar também que nosso cão ou gato nem sempre terá o temperamento que desejamos. Muitas vezes eles são anti-sociais e ariscos, brigam, mordem e arranham, nos tiram a paciência com seus latidos insistentes, fazem “xixi” fora do lugar o tempo todo, aparentemente tentando nos enlouquecer. Em função disso, muitas pessoas não conseguem entender a real responsabilidade de ter um animal. Tratam seus animais como objetos, se desfazendo deles diante do primeiro obstáculo. Ouvi de um professor há alguns dias atrás que “animais são tudo na vida de alguém até que comecem a causar problemas.” Sim, é a verdade. O animal é tudo na vida de muitos donos, até que adoeça; até que comece a latir demais; até que morda alguém. A partir daí, passa a ser um problema, e como todo problema, tende a ser dispensado.
Outra atitude que normalmente acaba em abandono é a compra de animais por impulso, principalmente nas famosas feirinhas de filhotes ou pet shops. Os “maravilhosos” Pet Shops, com seus filhotes fofos e macios e ainda por cima por um precinho bem “camarada”, exercem fascínio sobre adultos e crianças, que acabam cedendo aos encantos dos pequenos. Assim, cães e gatos vão parar nas casas de milhões de brasileiros, enfeitados como presentes de Natal, Páscoa ou aniversário, como se fossem brinquedos bem elaborados. Porém, muita gente não sabe o que está por trás desse comércio abominável de animais. Filhotes vendidos em Pets Shops e feirinhas normalmente são provenientes de criações de fundo de quintal, ou seja, são animais sem o mínimo controle genético e que possivelmente darão muitas dores de cabeça aos seus guardiões. São animais cruzados indiscriminadamente por pessoas que se dizem criadores, mas que não passam de cachorreiros visando lucro à custa da exploração de cães e gatos. São filhotes que, diferentemente dos provenientes de criadores sérios, não recebem vacinas adequadas, estando sujeitos à diversas doenças infecto contagiosas. Não recebem ração de boa qualidade, o que prejudica seu desenvolvimento tanto físico quanto psicológico. Não possuem controle genético, podendo vir a apresentar doenças degenerativas ao longo de sua vida, trazendo dor e sofrimento tanto para o animal quanto para seu guardião. São desmamados precocemente e vendidos antes de completarem dois meses de idade, o que trás sérios problemas comportamentais e de socialização. Normalmente são produtos de cruzamentos consangüíneos, o que afeta seu temperamento, originando filhotes totalmente fora do padrão, agressivos, medrosos e anti-sociais. Por fim, a grande maioria não passa de lindos Vira-Latas “disfarçados” de Poodles, Lhasas, Shi-Tzus, Yorkshires, Labradores, Persas, Siameses, e tantas outras raças, o que acaba gerando insatisfação aos donos, que abandonam os animais por descobrirem que não era aquilo o que esperavam deles.
Outro fator que contribui em grande parte pelo imenso número de cães e gatos abandonados é a reprodução indiscriminada desses animais, muitas vezes intermediada pelos próprios guardiões. Este problema poderia ser facilmente minimizado se as pessoas aceitassem castrar seus cães e gatos de companhia. Mas não é tão simples assim. Muitas pessoas ainda têm resistência acerca deste procedimento por desconhecerem seus inúmeros benefícios ou por acreditarem que o animal castrado sofre, é mutilado, engorda, tem alterações comportamentais, necessita cruzar pelo menos uma vez durante sua vida entre outros mitos. Sendo assim, colocam seus animais para cruzar sem nenhum critério e acabam originando várias ninhadas de filhotes fofos, mas que depois de desmamarem lutam por um lar que os acolha com amor e responsabilidade. Muitos não conseguem o sonhado lar, e acabam abandonados pelas ruas. E quando conseguem, raramente são doados castrados e muitas vezes são vendidos, constituindo verdadeiras “fábricas de filhotes” que alimentam ainda mais o comércio de animais de “fundo de quintal”. A castração destes animais e dos filhotes antes de doar ajudaria não somente em relação à prenhêz indesejável e abandono, mas evitaria que vários problemas fossem passados de geração para geração, uma vez que estas cruzas são feitas sem o menor controle genético. Além disso, a castração traria inúmeros benefícios para a saúde dos animais. Para as fêmeas, o risco de tumores de ovários e útero cai para 0%, assim como risco de piometria (infecção uterina que pode levar à morte, e cujo tratamento emergencial é cirúrgico). O risco de câncer de mama tem uma redução significativa, principalmente se a castração for realizada antes do primeiro cio. O próprio cio não mais existirá, bem como problemas hormonais e comportamentais, como a pseudosciese (gravidez psicológica). Os machos tornam-se mais calmos e não demarcam território, principalmente quando castrados antes de alcançar a maturidade sexual. Os riscos de tumores de testículo caem para 0 % e riscos de problemas prostáticos diminuem significativamente.
Como podemos ver então, as soluções para minimizar a questão do abandono de animais existem e são possíveis, embora ainda com certa dificuldade, de serem implementadas na prática. A conscientização da população acerca da guarda responsável de animais domésticos seria o primeiro passo. Políticas governamentais, públicas e privadas que vissem a castração como medida efetiva para o controle populacional de cães e gatos, educando crianças, jovens, adultos e idosos em relação à responsabilidade de ter um animal e zelar por sua segurança durante toda a sua vida. Orientar quanto aos riscos da compra de filhotes em feiras de animais e pet shops, com estímulo à adoção  através de campanhas de doação, ou então orientando a compra apenas de animais de ótima procedência vindos de criadores sérios que se preocupam com genética e estudo da raça. Realizar campanhas de castração em massa a baixo custo, estimulando a adesão da população e mostrando os efeitos benéficos deste procedimento nos cães e gatos e evitando assim cruzas acidentais e totalmente desnecessárias e a proliferação indiscriminada de mais animais, bem como a transmissão hereditária de doenças de cunho genético.
Todas estas medidas trariam resultados à curto, médio e longo prazo, com diminuição visível do número de animais maltratados e abandonados, recolhidos em CCZs e abrigos, assim como redução dos índices de zoonoses por eles transmitidas. Trariam benefícios imediatos à milhares de cães e gatos que sofrem diariamente com os maus tratos e a triste vida nas ruas, provendo à eles um lar saudável, com carinho, segurança e proteção. Por fim, não deixariam de beneficiar todas as pessoas que, direta ou indiretamente, estivessem envolvidas nesse processo de contribuir para retirar um animal das ruas e fazê-lo feliz para sempre. Pois ao adotarmos um animal, não ganhamos apenas aquela sensação indescritível de dever cumprido, mas também um companheiro leal e carinhoso que nos protegerá sempre. Um amigo de verdade que nos trará felicidade e nos dará o privilégio de sermos amados incondicionalmente, nos transformando em pessoas melhores e ainda mais humanas.




















texto escrito pelo autor do blog.
texto adicional copiado do site http://www.portalnossomundo.com/ escrito pela doutora  Silvia Schultz - Médica Veterinária - CRMV - RS 12750 , a quem todos os créditos são dados.
fotos copiadas da net para ilustração.

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